domingo, 21 de fevereiro de 2010

Ensaio sobre a realidade feita de recordações

Os cataventos estão furiosos avançando o traçado do céu, levam em suas voltas o som de um fim que ainda não chegou. As cores estão demasiadamente invertidas por trás das nuvens. Todos estão correndo para lugares seguros, debaixo de pontes e tetos frágeis. Ó humanidade, o que te fará gritar?
O suor gelado arrepia o peito descoberto, e nada é feito para ameniza-lo. O mistério foi descoberto, porém não revelado. Ainda avisto olhos vendados, mentes hipnotizadas e personalidades feridas e formadas a partir de um esboço fraco.
Ainda há um caminho apoiado em uma superfície de vidro, e ele não está escondido. Não, não está. Ele está ao lado de belas paisagens, ofuscado demais para ser notado. Isso não lhe parece familiar?
Retire as capas e os adesivos de plástico, por que nem eles permanecerão. Ó humanidade, o que te fará acordar? Tu já não encontrarás abaixo de seus pés o negro, jamais o puro, encontrará apenas o pó. O que farás com o pó?
Não fuja da responsabilidade que a persegue, não viva simplesmente a cima da dor e do sofrimento. Não se engane, a felicidade já não existe. Ela sim está escondida dentre as sete cores, assim como teu altruísmo.
Suplico que feche a caixa, peço que a destrua. Já não haverá mais ensaios, as páginas ganharão vida. Imploro que não siga com o vento, não avance os traçados já que tu podes lutar contra eles.
Ó humanidade, siga teu próprio caminho, e diga-me o que lhe fará caminhar.
Ó humanidade, não retiro a tua esperança, nem enterro o teu amor, apenas lhe pergunto:
Por que você mesma o faz ?

Um comentário:

  1. Muito bom o texto, bem reflexivo e crítico tbm. É impressionante como vs consegue fazer com que sintamos de alguma forma uma emoção alheia com o texto. Talvez essa emoção não seja alheia e eu tenha sido infeliz no comentário. Essa emoção, essa indignação é comum a mim e a você, e a várias pessoas que tem um pouco de vontade de mudança, de verdade.
    Gostei muitooo mesmo =)

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