sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Um infinito particular

E já não importa o vento quebrando nas janelas, silenciosamente atravessando as paredes, chegando até ela. Neste momento seus sentidos estão atordoados, ocupados demais tentando sobreviver a correnteza que insiste em afoga-la.
As horas já não lhe servem de consolo... elas apenas correm, passando desapercebidas diante de seus olhos... restando apenas a esperança de que o vazio vá embora junto com os ponteiros do relógio.
Sempre a encontro debruçada sobre os joelhos, seus dedos desembaraçando os cabelos...
Algumas vezes suas mãos entrelaçadas, simulando a presença de alguém que não existe.
Neste momento, seu íntimo é envolvido apenas por uma leve camada de seda... Não posso deixar de notar as vias convidativas que existem nas travessas de seu coração.
Sem permissão, atravesso os espinhos que supostamente a protegem do mundo externo. Ela procura o melhor jeito de ser auto-suficiente, já que não lhe resta outra alternativa. Já que não lhe é conveniente a presença da insatisfação.
Penso que talvez ela seja apenas um pouco insegura. Que talvez, ela apenas não tenha dimensão de seus passos, quase sempre desalinhados e sem direção. Que por fim, sejam apenas seus fantasmas a perturbando mais uma vez.
Os minutos continuam voando, devo deixa-la, já é hora. Devo ignorar o desejo de repousar sobre os lençóis d'água aqui encontrados, tão confortáveis e familiares para mim.
Devo apenas observa-la... me restringindo a apenas estar próximo.
Sinto que há alguns segundos o vento deixou de vencer as barreiras da madeira velha, é o amanhecer rasgando as linhas do horizonte. Aqui dentro, tudo o que se pode ouvir são as vibrações de seus pulmões sob a superfície. Agora ela já é capaz de sentir as mudanças ao seu redor, uma vez que dentro de si, já não é a mesma.
Pela primeira vez, vejo confiança em seus pequenos movimentos...
Lentamente, tudo está voltando para seu devido lugar, junto com o dia que agora toma o lugar da escuridão.
Meus olhares... eles não se movem.
Eu sempre estarei aqui, a observando, eternamente.

Um comentário:

  1. suas palavras e seus termos me causam uma invejinha branca! rs...
    leio seus textos e sinto um tom de Clarice neles :D

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