Basta a primeira gota cair do céu...

Sinto uma estranha liberdade ao olhar este espaço vazio.
Acabo de abaixar o volume do som, que num circuito perfeito, ecoava nas paredes da minha casa. Neste momento, preciso muito mais do que uma melodia que me encante, eu preciso ouvir a chuva que cai lá fora...
Por muitas vezes, me encontro debruçada sobre uma janela, observando a água tomar o lugar do chão seco, caçando palavras em minha mente que possam fazer uma boa descrição sobre algumas sensações, como por exemplo, a ansiedade que costuma transpirar em minha testa. Porém, em nenhuma dessas vezes consegui. Me sinto acostumada em aceitar essa minha falta de inspiração, no entanto, aquela ansiedade rasga os cordões que mantêm minha paciência em seu devido lugar, controlada.
Não é fácil aceitar que o fogo, simplesmente queime, sem que possamos ao menos tentar diminuir sua brasa. Não é fácil aceitar o fato, de que estou sendo derrotada mais uma vez pela minha afobação.
Estou farta de escrever sobre mim e sobre minha fragilidade, sobre meu notável sentimentalismo.
Por este motivo, não desisto.
Assim que a primeira gotícula cair do céu, estarei na janela, esperando que a chuva traga para mim, as certezas de que procuro, as palavras para fazer um bom texto, ou a esperança de que ela leve embora meu sentimento anônimo, assim que a primeira gotícula estiver de volta, em seu ponto de partida.